Há muitos anos, visitei Israel pela primeira vez. Não foi apenas uma viagem, foi um reencontro com amigos especiais, com quem convivi durante meus anos na faculdade. Pessoas que marcaram profundamente minha vida com sua generosidade e suas histórias. Na faculdade, eu fazia parte de um grupo multicultural: era eu, brasileira, uma enorme colônia de israelenses e uma iraniana. Todos convivendo sempre com amizade e carinho. Essa convivência me ensinou lições valiosas sobre empatia e o poder das conexões humanas acima de qualquer diferença.
Israel e Irã, terras tão ricas em história e significado, tornaram-se para mim lugares de cultura admirável.
Chegar a Tel Aviv com a El Al já foi uma experiência desde o embarque. Primeiro, o check-in era bem mais cedo do que os outros voos, seguido de um questionário extenso de segurança, revista para entrar no avião e a comida kosher servida a bordo. O voo, que desviava dos países árabes, tornava o trajeto bem mais longo...
Reencontrar minhas amigas no aeroporto de Tel Aviv foi maravilhoso. Caminhar pelas ruas, explorar os lugares que eu já havia escutado em tantas histórias, comer falafel no mercado como uma local, sentir a energia que pulsa nas ruas de Jerusalém e o frescor e a alegria de um balneário em Tel Aviv me fez perceber como aquele lugar é realmente único.
Nosso guia era um historiador entusiasmado, dirigia e contava sobre o país com muito carinho. Na hora de cruzar a fronteira para conhecer a Palestina, trocamos de guia por questão de segurança.
Flutuamos no Mar Morto, senti o maior calor da minha vida visitando o Rio Jordão, vimos treinamento de tanques nas areias do deserto e meninas carregando rifles como se fossem bolsas...
Tivemos a sorte de experienciar o Yom Kippur, o Dia do Perdão, o feriado em que absolutamente tudo pára. É um dia de jejum, introspecção e oração, dedicado ao arrependimento e à busca por perdão, tanto de Deus quanto das pessoas. Esse dia é destinado à reflexão sobre as ações do ano que passou e à promessa de melhora para o próximo. A TV não tinha transmissão, não existia um carro na rua, o aeroporto ficou fechado e até o serviço do hotel foi interrompido.
Quando meus filhos cresceram um pouco, senti vontade de apresentá-los a esse lugar incrível e às famílias que minhas amigas formaram. Um pouco antes de a guerra estourar, tínhamos uma viagem marcada para reencontrá-las. De repente, nossos planos foram suspensos.
Ainda hoje, as notícias da guerra são como um golpe profundo para mim. Não é apenas sobre as imagens que vemos nos jornais; é sobre lembrar das risadas de anos atrás andando por Jerusalém, e agora imaginar suas crianças, mais ou menos na idade dos meus filhos, enfrentando medos e incertezas no dia a dia.
Em minhas reflexões, peço pela segurança de todos, por um futuro sem guerra, pela paz nessa região tão extraordinária. Enquanto isso, guardo com amor as lembranças dessa terra divina para tantos povos, crenças e religiões.
Que nossos corações nunca esqueçam o poder da amizade e do amor, que é o único capaz de curar, mesmo em tempos tão confusos.
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